RESENHA: Outros Jeitos de Usar a Boca

Título Original: Milk and Honey

Tradutor(a): Ana Guadalupe

Gênero: Poemas / Poesias

Editora: Planeta

Ano de Publicação (BR): 2017

Número de Páginas: 208

Minha Nota: 3.5 de 5

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Sinopse:

"outros jeitos de usar a boca" é um livro de poemas sobre a sobrevivência. Sobre a experiência de violência, o abuso, o amor, a perda e a feminilidade. O volume é dividido em quatro partes, e cada uma delas serve a um propósito diferente. Lida com um tipo diferente de dor. Cura uma mágoa diferente. Outros jeitos de usar a boca transporta o leitor por uma jornada pelos momentos mais amargos da vida e encontra uma maneira de tirar delicadeza deles. Publicado inicialmente de forma independente por Rupi Kaur, poeta, artista plástica e performer canadense nascida na Índia – e que também assina as ilustrações presentes neste volume –, o livro se tornou o maior fenômeno do gênero nos últimos anos nos Estados Unidos, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos.

Esse livro possui uma carga muito grande de emoções e sentimentos, o que faz com que ele seja muito profundo e vasto. Por meio da escrita, podemos perceber que a autora deu tudo de si e desabafou com o leitor de uma maneira nada convencional e discreta. Será que isso é uma boa opção no mundo literário contemporâneo?

"eu sou um museu cheio de quadros; mas você estava de olhos fechados"

[Pág. 119]

O livro toma um tom de confissão muito grande durante seu desenrolar. Isso se deve ao fato de que ele é dividido em partes que definem o sentido e o rumo de cada poema. Esses pequenos poemas trazem muita carga consigo, principalmente a emocional. Nós leitores sentimos o verdadeiro impacto que isso teve na autora, muitas das vezes bem cru. Isso é o diferencial do livro. O fato de que alguns poemas são jogados na nossa cara contando o que a autora já passou de forma simples e cruel. Isso nos faz refletir sobre muitas coisas que vem acontecendo conosco e também com outras pessoas que já sofreram ou sofrem os problemas retratados.

No mundo literário contemporâneo, nós vemos vários autores colocando um pouco de si dentro da história, muitas das vezes em personagens que, por exemplo, gostam de ler ou escrever. Mas esse livro é quase uma biografia. Embora os poemas nos convidem a um jantar de reflexão, nós sabemos que aquilo ali é o que a autora foi um dia. Nós temos poemas sobre imigração ilegal, sobre família, sobre paixões que valiam a pena e outras que nem tanto. Isso talvez tenha sido o motivo da nota baixa em sites e comunidades de leitores de todo o mundo. Eu acho que eles esperavam uma história.

"Não sei por que me rasgo pelos outros mesmo sabendo que me costurar dói do mesmo jeito depois"

[Pág.152]

Várias pessoas dizem que um dos problemas do livro está na diagramação dos versos. Em meu ver, isso não foi um problema tão grande. Várias ilustrações me chocaram um pouco por sua forma expressiva e criativa e talvez esse tenha sido um dos maiores motivos de eu ter elevado a nota do livro.

Outro fato que contribuiu para que o livro tivesse uma nota muito baixa nesses últimos tempos foi que a maioria das pessoas que gostaram colocaram bastante expectativa nos que ainda iam ler. Isso também aconteceu comigo. Eu li várias resenhas e vi vários vídeos de leitores que apontavam ser um livro muito forte nas expressões. Isso me deixou bastante curioso para ler e, assim que terminei a primeira parte, eu me dei de cara com algo que talvez não me cativasse.

"Talvez eu não mereça coisas boas porque estou pagando pecados dos quais eu não me lembro"

[Pág. 178]

Quero deixar bem claro que, se você passou ou passa por problemas pessoais muito fortes, é recomendável (por várias pessoas e por mim) que você não leia esse livro, pois ele aborda questões muito profundas e, até mesmo, pesadas.

Enfim, se você não é muito costumado com o gênero de poesias contemporâneas, eu te recomendo esse livro. É um livro forte, atual e carrega várias reflexões importantes para os dias de hoje. É um bom começo.

"Ser suave é ter poder"

[Pág. 202]

Sobre a autora:

Rupi Kaur é uma escritora e artista que vive em Toronto, no Canadá. Aos 5 anos, ela começou a desenhar, um hobby que herdou de sua mãe. Imigrante da índia, ela não conseguia falar em inglês com outras crianças na escola, o que a fez passar bastante tempo sozinha. Quando aprendeu o idioma, encontrou nos livros os melhores amigos. Ela desenhou até os 17 anos, em 2009, quando passou a se dedicar mais à escrita e às performances. Em novembro de 2014, publicou seu primeiro livro, milk and honey – editado no Brasil como 'outros jeitos de usar a boca'. Hoje ela usa diferentes meios para se expressar: a poesia, a ilustração, o design, a fotografia, os vídeos.

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