RESENHA: Graça e Fúria | Tracy Banghart
Título Original: Grace and Fury
Tradutor(a): Isadora Prospero
Gênero: Fantasia, Y.A.
Editora: Seguinte
Ano de Publicação (BR): 2018
Número de Páginas: 304
Minha Nota: 4 de 5
Sinopse:
Duas irmãs lutam para mudar o próprio destino no primeiro volume de uma série de fantasia repleta de romance, ação e intrigas políticas. Em Viridia, as mulheres não têm direitos. Em vez de rainhas, os governantes escolhem periodicamente três graças — jovens que viveriam ao seu dispor.
Serina Tessaro treinou a vida inteira para se tornar uma graça, mas é Nomi, sua irmã mais nova, quem acaba sendo escolhida pelo herdeiro. Nomi nunca aceitou as regras que lhe eram impostas e aprendeu a ler, apesar de a leitura ser proibida para as mulheres. Seu fascínio por livros a levou a roubar um exemplar da biblioteca real — mas é Serina quem acaba sendo pega com ele nas mãos. Como punição, a garota é enviada a uma ilha que serve de prisão para mulheres rebeldes. Agora, Serina e Nomi estão presas a destinos que nunca desejaram — e farão de tudo para se reencontrar.
Essa história é uma iniciação bem completa ao feminismo e ambientada de forma sensacional! Se você quer ler um livro com um grande impacto no "atual-modo-de-pensar", você DEVE ler este!
Surpresas atrás de surpresas, esses personagens e essa ambientação vão cativando sua pessoa até você se render e dizer: "Essa é uma história incrível!"
"- Não é uma escolha quando você não tem a liberdade de dizer não. Um 'sim' não tem nenhum valor quando é a única resposta que se pode dar!"
[Pág. 35]
Eu gostaria de iniciar essa resenha dizendo o quão importante esse livro é para a sociedade atual. A maioria da população mundial está acostumadas a pensar que, mesmo que todos sejam iguais - como ser humano -, existem pessoas superiores e que, quem está abaixo de sua colocação na pirâmide, não interessa a ela.
"- Vocês devem ser tão fortes quanto essa prisão, tão fortes quanto a pedra e o oceano que as cercam. Vocês são concretos e arame farpado. Vocês são feitas de ferro."
[Pág. 84]
A ideia da autora de expressar isso em um livro como esses foi um tanto absurda. Ela bate de frente com a sociedade e diz "Se você tem coragem, parte para cima por que eu estou pronta!". Sua escrita de forma poética me cativou desde a primeira página. Parecia que eu estava lendo poemas, o que contribuiu para que minha leitura fosse, além de prazerosa, rápida. Os diálogos são muito bem construídos. Isso acontece, pois a autora usa bastante a quebra de expectativa no leitor, ou seja, ela conduz ele para um caminho por meio dos pensamentos de um determinado personagem, mas, no diálogo, ela faz uma curva total na trama. Isso torna o livro bem dinâmico, pois, com devida certeza, você vai querer continuar lendo até o final.
Sobre o desenvolvimento dos personagens, eu senti muita falta na construção da personalidade de uma das garotas principais. Serina. Ela poderia ser uma personagem forte, destemida e corajosa desde o início, mas a autora optou por retratar algumas mulheres de nossa sociedade nela, no caso, as que são criadas para servir aos homens. Mas, no final disso tudo, eu entendi que o livro é uma grande metáfora e, para você entender, você vai ter que ler!
" Fúria e temor como nunca sentira antes a varreram com a força de onda onda. [...] Sua irmã era uma prisioneira em seda e renda, sofrendo nas mãos do herdeiro."
[Pág. 148]
As partes negativas do livro não são muitas, mas existem. Uma delas é o final. A autora começa o livro e vai até a metade desenvolvendo muito bem aquela questão de quebra de expectativa. Mas, de vez em quando, ela ultrapassa nos limites e eu torci para que ela não fizesse isso no final. Os fatos que irão acontecer dos 65% até o final ficam muito previsíveis e quando o X da questão finalmente é resolvido, nós já suspeitamos de tudo, apenas comprovamos nossa teoria.
Dois outros personagens que já estavam me cansando também são os príncipes herdeiros do trono de Viridia (sim, esse é o nome do reino!). Eles ficam naquela ladainha eterna de "Sou o melhor do reino!" e "Todas me querem!". CREDO! Isso é muito cansativo! E é aí que começa a "rebelião", pois uma cidadã não deseja o príncipe. Saber que a história gira em torno da "vingança" de um príncipe por que alguma garota não quer ela é exaustivo! MUITO exaustivo!
"Ela nunca dominaria a arte de ser uma estátua viva, porque nunca quisera tal coisa. Não era feita de argila. Seus ossos, sua respiração e seu sangue exigiam movimento."
[Pág. 234]
Enfim...
Eu gostei bastante do livro e com certeza vou recomendá-lo aos fãs de A Seleção, Jogos Vorazes e O Ódio Que Você Semeia. O livro em uma onda bem fantasiosa, mas não deixa de passar uma mensagem muito forte!
Gostaria de finalizar a resenha dando parabéns a autora por ter conseguido bater de frente com uma questão muito aberta e abstrata na sociedade de hoje de uma forma muito impactante.
Sobre a autora:
Tracy Banghart cresceu na zona rural de Maryland, nos Estados Unidos. É formada em inglês pelo Davidson College, na Carolina do Norte, e pós-graduada em edioração pela Universidade Oxford Brookes, na Inglaterra. atualmente, Tracy se dedica totalmente a escrita e viaja o mundo com o marido, o filho e seus animais de estimação.
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